O inverno


É estranho pensar, mas, sim. Sim, eu prefiro o frio. Eu prefiro o gelo. Eu prefiro a chuva ao sol. Eu prefiro o vento a ondas de calor. Eu prefiro o frio ao quente. Prefiro também andar de casaco de malha, cachecol, três pares de meias, botas de camurça e calças com collants por baixo. Sim, é verdade, eu prefiro. Prefiro andar em casa com mantas a cobrir-me o corpo por inteiro, em vez de calções, chinelos e uma camisola de alças. Eu prefiro. E sabem porquê? Porque me sabe bem. Sabe-me bem saber que está a chover e ficar em casa quentinha, no meu espaço a ler um livro. Posso nem estar a ler, simplesmente a olhar.
Sabe-me bem ouvir o som da chuva, o som das gotas de água bem rechonchudas a caírem no chão com toda a força.  Sabe-me bem, por saber que estou em casa super quentinha com uma botija de água quente, mesmo quase a ferver, nos meus pés gelados. Sabe-me bem, porque eu adoro o inverno. Porque, lá está, eu prefiro.  Eu prefiro o inverno ao verão.  Mas não gosto da primavera. Não gosto do meio termo. Não gosto dos dias chuvosos e logo a seguir quentes. Não gosto do clima inconstante, dos dias nublados de manhã e à tarde supercalorosos.  Não gosto. E porquê? Eu não sei.
No entanto, gosto do outono. Para mim, é uma despedida. Mas boa, muito boa. Contudo, eu prefiro o inverno. Continuo a preferir o frio. Continuo a preferir o gelo, a chuva, o vento. As roupas quentes e as botijas. Eu prefiro. Não sei porquê, mas prefiro. É estranho pensar, mas, sim. 


Madalena Arantes e Oliveira, 11.° H

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