Digressão
Está frio.
Muito frio. A pele encontrava-se arrepiada e o pequeno corpo tremia levemente.
Deveria estar prestes a chover. Descalça, avançava pela longa floresta, sem
destino. O sol dava lugar à lua cheia e brilhante. As estrelas iam chegando
para dar início à festa que era a noite. Vagueava sozinha e pensativa, sem
saber o que iria fazer. Decidiu parar quando avistou uma zona sem arvoredo.
Havia ali apenas um tronco já cortado, onde se encostou. Olhou para o céu, como
que à espera de respostas. Estava uma noite cerrada. As estrelas a cada segundo
encontravam-se mais brilhantes. Sorriu. Aquilo dava-lhe esperanças. Piscou os
olhos e deixou-os fechados por segundos. Uma lágrima caía, fazendo-a abrir
novamente os olhos. Mas nem por um segundo parava de sorrir. Piscava os olhos,
cada vez com mais força, como tentando travar aquilo que escorria mais e mais
pela sua cara. Levantou-se. Continuou a andar para esquecer tudo e todos.
Admirava o céu a cada passo e nunca mais parou, sempre sorrindo.
Beatriz Telo, 11.º I
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