Mente




Escuro, vazio, frio. Nada mais que uma cadeira no meio de um quarto, olho para ela e sinto correntes a puxarem-me na sua direção, a envolverem-me os braços, serpentes de ansiedade que me apertam e não respiro, Não respiro! Grito. Um grito magoado e rasgado, cortante como mágoas de grandeza e desilusões, é um grito escuro e vaporoso, névoa negra, mas inconsistente. Não sai da minha boca, mas dos meus olhos. Somos uma bola, uma negra bola, uma negra bola envolvida por correntes, sentada numa cadeira no meio de um quarto escuro, vazio e frio. É um ar opressor, ar de verão infernal, pousa na minha mente e suja-a de tristeza, pousa no chão e forma rios que me transbordam e me submergem; sobe, como se tivesse garras, pelas minhas pernas e entra, denso e molhado, pela minha boca distorcida.
              É vazio, vazio como a morte, aquele vazio que te avassala, que bate contra as paredes do meu corpo, que cria ondas e destrói fortalezas, um vazio que me tira o fôlego.
              É a minha mente.

Carolina Blu Bassano Peixoto de Carvalho, 11.º K

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