Vida citadina



O ruído da cidade é a música de fundo dos seus dias.
Acorda como um velho carro a diesel, necessita de todo o carinho e paciência, bebe vida como gasolina. As duas custam-lhe muito.
Os primeiros passos do seu dia são como o “povo” dos autocarros. Sempre atrasados, tem que conviver num espaço de angústia e luta, ansiando por segundos de ar libertador e espaço pessoal.
A sua rotina é como um engarrafamento, aparentemente diáfana e calma, mas nada mais de que um mar de triste impaciência torna-se música de insultos e culmina numa tragédia de tempo perdido.
O seu dia, fila nos correios, lento e inexorável, caminho inútil tem como ponto de chegada a dúvida.
Vive como o clima da cidade, pesado e cinzento; ossos e mentalidade gelados na rapidez das suas experiências. O aroma da sua confortável vida citadina combina com a sua atmosfera, poluída e adocicada.

Carolina Blu Bassano Peixoto de Carvalho, 11.º K

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