O corte que sangra sempre





 

Cortei-me, mas é estranho, porque olho-me ao espelho e não há nenhum vestígio exterior de sangue, muito menos de uma cicatriz; consigo apenas sentir a dor.

Olho fixamente para o meu reflexo, viro-me de um lado para o outro, olho para cima e para baixo, enquanto vou passando a mão por cada centímetro do meu corpo à procura de onde arde e de onde dói.

Chego com a mão ao peito e aí está, uma dor excruciante que vem de dentro para fora. Sinto um enorme ardor. Volto a olhar para o espelho e com uma lágrima a escorrer-me pelo rosto, percebo. Percebo que é um corte profundo e interno que nunca parou de sangrar.

Todos temos um corte que sangra sempre...e o meu és tu.

 

Inês Duarte, 12.º K 

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