Sombras e sombrinhas

 




 

              Há dois tipos de sombras que me fascinam: as sombras que se observam a partir do efeito da luz num certo objeto e as sombras que uso para me enfeitar. Estas estão interligadas pela sua magia.

              As sombras têm muitos formatos e transmitem uma certa beleza a objetos banais como o alcatrão da estrada ou o chão de madeira da sala de estar. Ao passear pela rua, observo diferentes sombras das grades de ferro com formas de corações e muitas outras figuras detalhadas, utilizadas para enfeitar as casas, que pintam o chão de figuras e ilustrações.

              Assim, transmito-me essa beleza através das sombrinhas. Tenho sombras de todas as cores e feitios que uso para me enfeitar. Tão bonito como as sombras que pintam o chão, pintam estas os meus olhos. Adoro observar os meus momentos e das minhas amigas a arranjarmo-nos, pondo delicadamente sombrinha na superfície das nossas pálpebras.

              Quando era nova brincava com sombras e sombrinhas. Perseguia a minha sombra e perguntava-me onde teria ido quando desaparecia. Procurava-a por todo o lado. Contemplava as sombras das cortinas de linho da minha avó a estagnarem-se na minha pele. Sentava-me num banquinho no quarto da minha mãe, e ao seu espelho de bordas douradas utilizava as suas sombrinhas coloridas, enquanto cantava baixinho.

 Tudo isto me fascina até aos dias de hoje, e irei sempre acompanhar a minha sombra para onde quer que ela vá.


Constança Roquete, 12.º K


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