O outono
O outono chegou, o verão acabou e com o frio vêm outras
responsabilidades como a escola, a atenção às constipações e uma certa
melancolia.
O outono chega trazendo com ele o
fresco das manhãs escuras e as folhas douradas que caem suavemente das árvores.
Os dias parecem passar mais depressa envolvidos numa tristeza muda, enquanto o
vento leva o calor do verão. A cada pôr-do-sol, o tempo acelera; as saudades
acumulam-se no meu peito como as castanhas num pedaço de papel no dia de S. Martinho
e a ânsia de voltar a ver-te aumenta.
Eu diria mesmo que é uma época de
reflexão, de recomeço e de aceitação; pois tal como as folhas caem inevitavelmente
todos os anos, também nós, seres humanos fúteis e imperfeitos, largamos algumas
folhas na esperança de que um dia algo novo irá nascer. As memórias do que foi
e do que poderia ter sido tornam-se mais intensas. Os nossos pensamentos
parecem assombrar-nos e tudo o que me resta é o som da chuva a cair.
O outono é a estação de reencontros
interiores, onde os sentimentos florescem mesmo com a natureza a adormecer. As
saudades crescem enquanto os dias se apressam em direção ao inevitável inverno,
e o fogo da lareira aquece-me na tua ausência.
O ser humano não larga folhas, eu não
estava a falar de folhas, e dias mais frios esperam-me.
Joana Costa, 12.º K
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