O longo caminho pela estrada molhada



Caminhando pela estrada molhada, com a chuva a bater-lhe na cara, Mariana continuava a cambalear, na sua tarde que o destino tinha achado por bem tornar cruel.
Depois de tanto andar, devido ao passar lento do tempo, começou a ficar exausta, pensando em desistir. O cansaço começou a apoderar-se de Mariana, levando-a a cair por terra.
As lágrimas, disfarçadas pela chuva que escorria na sua face, eram cada vez mais, sendo, com o passar do tempo, muito mais difíceis de conter, deixando-a quase sem forças para mais nada. Chorar estava mesmo a desgastá-la, o que a levou de vez a desistir de tudo à sua volta.
Desgostosamente, caída de joelhos no chão, quase sendo levada pela enorme força do vento naqueles lentos minutos, mais do que tudo, mais do que todas as actividades vitais, a única coisa de que tinha vontade era desaparecer, desaparecer daquele sítio, partir para outro local, onde não existisse aquela chuva gélida e cortante, que lhe estava a debilitar o corpo.
A sua mente estava cansada de tantas voltas que havia já percorrido.
Mas, naquele momento, tinha apenas bem presente e demarcado o telefonema que tinha recebido da mãe, ainda há poucas horas atrás.
O facto de estar a alguns quilómetros da mãe fizeram de Mariana uma jovem constantemente preocupada e ansiosa com aquilo que se poderia estar a passar do outro lado da história.
Eis então que esse telefonema veio alterar bruscamente os sentimentos, certezas e indecisões que pudessem já ter-se passado pela ansiosa cabeça de Mariana.
Nesse momento, Mariana tinha o telefone no bolso, e dava um passeio perante um dia solarengo e quente de Verão.
O som inconfundível do seu telefone anunciou algo que Mariana não estava minimamente preparada para ouvir.
Do outro da linha, uma voz quase muda e calada pelo choro pronunciou uma frase que a deixara em choque, embora esforçando-se para conter as lágrimas: “O avô já não está entre nós”.
Seis palavras que nunca fora capaz de esquecer, desde aquela altura.
Depois de desligar, a primeira coisa em que pensou foi pensar a chorar, mas por maior que a angústia fosse, as lágrimas não caíam.
Foi, então, nesse momento que o sol dera lugar à chuva e o dia solarengo a um destemido e escuro céu que chorava pela dor de Mariana.
Assim, Mariana, começou a sua longa viagem, por uma estrada molhada e escorregadia que desconhecia, ao sabor dos gritos de dor do vento e das lágrimas tristes caídas do céu.
Ainda hoje, quando caminha pela estrada e sente o sabor a chuva, Marina relembra o dia 22 de Junho de 2008, um dia que marcará para sempre a sua vida.

Ana Margarida Fonseca, Escola Secundária de Camões, 10ºE

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