Procuras Obscuras III
Nestes tempos, em que eu, Miguel Massamá, vagueio, procuro a verdadeira definição de felicidade, tanto tempo à sua procura, e quando a encontro, escapa-se-me por entre as mãos, por entre as fossas dos meus dedos, e parte-se, quebra-se no chão. 37 de Setembro de 2863, aqui estou eu, perante as ruas, de todos os meus dias. Nesta escura vila, apenas um brilho encontro, naquela árvore. Sempre me questionei, se existia realmente felicidade, ou se tudo é feito de apenas de momentos bem passados, chamar-lhe-ia, felicidade momentânea. Poderia aquela árvore iluminar-me a resposta? Ao aproximar-me, um explodir de pensamentos despertou na minha mente, mas um falava mais alto que todos os outros, estaria eu mais perto do meu objectivo? Rondavam milhões de perguntas, à volta de mim, em menos de segundos. Ao sentar-me, junto daquele rugoso tronco, de tão iluminada árvore, tudo se clarificou. Os meus pensamentos, as minhas perguntas, as minhas questões, transformaram-se numa só, sólida resposta, que me foi dada, por um alto ser divino, vestido com um traje, irregular no mundo real, mas ridiculamente comum neste meu mundo. Usava um capuz, para tapar a face, e estava vestido com uma longa, e negra gabardine, que lhe cobria todo o tronco, chegando até às suas escuras e grandes botas. Ao olhar para cima, não vejo o seu rosto, apenas o seu olhar, o seu mísero olhar, que nada diz, e nada sente, apenas responde às questões que lhe ponho. Perguntei-lhe eu, porque não consigo ser feliz, no mundo real, serei eu assim tão diferente de todos eles? Ou, todos nós, nas noites mais frias, nos lugares mais escuros, e nos momentos mais frágeis, falamos connosco mesmo? Serei apenas eu? Só eu receio partilhar o meu verdadeiro eu, pois poder-me-iam achar louco? O maléfico ser, revirou o olhar, o seu miserável olhar, e voltou-me as suas costas, as suas costas cobertas pela longa gabardine. Repentinamente, começou a andar em frente, todo o ser começava agora a desvanecer-se. Ao baixar o seu capuz, consegui apenas ver uma marca, uma pequena marca no seu pescoço, parecia um símbolo, talvez de uma religião antiga, mas antes que conseguisse formular uma ideia, o ser desvaneceu-se em cinzas, que se evaporaram, formando uma enorme nuvem negra, carregada de ódio e mágoa, que cobriu toda a luz, toda a luz que iluminava aquela árvore, a única ligação que alguma vez havia tido com o mundo real, a única coisa que alguma vez me havia feito sentir humano. Não sei porquê, mas sorri, um longo sorriso, de orelha, a orelha. Levantei-me, da escuridão, e quando pensava que tudo tinha acabado, vejo um novo iluminar, mas desta vez, não era apenas uma árvore,. Era um feixe de luz, tão imenso, que iluminava toda a floresta, que ronda a maldita vila, por onde, em tempos, vagueei. Será esta, a minha oportunidade de ser feliz? Conseguirei eu as minhas respostas, nesta floresta? Para lá caminho agora, apenas eu, eu e a minha sombra.
Telmo Felgueira, Escola Secundária de Camões, 10ºE
Comentários
Está cada vez melhor.
Raquel