Eva Luna
Isabel Allende, a minha escritora preferida,
escreveu o seguinte num dos seus livros:
“Semeou na minha cabeça a ideia de que a realidade
não é apenas o que se vê à superfície, tem também uma dimensão mágica e se
alguém o deseja veementemente é legítimo que a exagere e lhe dê uma cor para
que a passagem por esta vida não seja tão aborrecida”.
Este é um dos meus excertos preferidos e um dos meus
conselhos, também.
Assim, eis o que eu defendo…
Se chegarem tarde às aulas, digam que o voo de Paris
se atrasou.
Chorem e acreditem que aquela pessoa é que era o
vosso destino.
Gastem dez euros em raspadinhas, porque, um dia, o
dinheiro ser-vos-á devolvido a multiplicar por infinito.
Escrevam num diário como se fossem Anne Frank.
Durmam como se nunca tivessem visto uma cama na
vida.
Quando o despertador tocar, pensem que são rouxinóis
– ou cotovias para dormirem um pouco mais.
E se não conseguirem dormir, culpem o bicho-papão.
Façam um bolo de chocolate e intitulem-no de “O
Melhor Bolo de Chocolate do Universo e Arredores”.
E façam de tudo isto o feito da vossa vida.
Ou do mês, pois para vocês um mês pode ser um ano e
um ano um segundo – sejam os próprios ponteiros do Big Ben.
Nunca digam que estão perdidos, quanto muito a
perder. Mas quem tem azar ao jogo, tem sorte ao amor.
Queiram o que não têm e o que vos faz mal.
A vossa cor preferida é o transparente.
Ou então é o amarelo, só porque gostam de ser do
contra.
Olhem para a lua e sonhem que a pisam, que falam com
ela.
Se calhar até vieram de lá, uma cegonha é que vos
trouxe para aqui.
E, se alguém vos perguntar o vosso nome, digam que
se chamam Eva, que quer dizer vida.
Mariana Gomes, 11.º H
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