Utopia





«Pergunto-me porque estamos aqui. O que somos nós? O que é a vida? Há algum sentido na vida? Estamos tão presos na nossa mente e no nosso corpo. Nunca seremos capazes de escapar a este facto. Nós somos nós. Eu sou eu.»
A Alice era uma curiosa, questionava tudo constantemente, e naquela doce, fria e nostálgica tarde de outono, no Jardim do Torel, ela sentiu que nunca tinha estado tão curiosa como naquele momento. Como se todas as suas dúvidas, questões e medos estivessem a atingi-la no mesmo segundo, ao mesmo tempo.
Ela acreditava que estamos todos condenados. «E porque será isso?» pensou ela, «Porque não podemos mudá-lo? E se vamos todos acabar da mesma forma, o que nos faz querer viver a vida tão intensamente? Existimos durante uns meros oitenta anos. Oitenta anos na história da Humanidade. E, nesses anos, estamos constantemente a ser bombardeados com todo o tipo de planos e demonstrações de como devemos ser, reagir, vestir, pensar, ... Somos como pequenos soldados num grande exército. A marchar na mesma direção.»
Apesar de todos aqueles pensamentos pessimistas e questões algo estranhas, ela acreditava que, por vezes, devíamos parar para pensar. Abstrairmo-nos do barulho e da rapidez do mundo em que vivemos. Pararmos e pensarmos como uma criança, porque estas têm uma maneira especial de ver o mundo. Elas têm o dom de o ver com inocência e autenticidade, porque, em criança, não sabemos muito e isso torna-nos imparciais e objetivos. «Essa criança mostra-nos aquilo que queremos e aquilo em que acreditamos. Essa criança é o nosso "eu" no seu estado mais puro e genuíno.», pensou a Alice.
«Quando não encontramos essa criança em nós, apelamos aos nossos sonhos, porque estes são o nosso "escape" da realidade. Eles são o nosso subconsciente dizer-nos o que não vemos enquanto estamos acordados. Os sonhos representam, tal como aquela criança, o que queremos ser.»
Absorta nestes pensamentos, a Alice andou e andou pelo jardim. Ela pensou no que queria e tentava incessantemente responder a estes devaneios. E o que é engraçado, é que a Alice não estava a sonhar. Se calhar, sem ela reparar, aquela inteligente criança dentro dela existia, estava lá.
Penso que muitos de nós vivem numa utopia. Somos sonhadores (de dia ou de noite). A vida é desapontante, e isso leva-nos a refugiarmo-nos na nossa mente, criando lindas utopias.



Mariana Matias Mateus, 11.º H

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