A Dor de Pensar




Querido Diário,

            Ao entrar no “quarto”, observo que a sombra o ocupa, esta vai e vem, vem e vai, enche-me e prende-me no pensamento. Ele encurrala-me e faz alusão ao tal quarto, assombrado, pois, apesar de a mente ser um lugar grande, o facto e o ato de pensar torna-a pequena e preenchida de uma ventania, vinda de todos os lados, que nos mostra as nossas vivências, emoções, palavras num furacão, que se sentem na urgência de escapar e sair da bolha, mas não se consegue. Todos estes pensamentos magoam.

            Na verdade, pensar dói, seja pensar em nós, seja na sociedade e naquilo que o mundo é, atualmente. Ao olhar à volta, sou obrigada a refletir e tu sabes que a reflexão feita é sempre ou quase sempre negativa, parece que o mal tomou conta das pessoas, até de mim. Dói pensar na ganância, inveja, poder que transformam a sociedade, dói olhar para mim e pensar que isto tudo pode entrar.

            Sinto-me triste, porque deixei de gostar de pensar, aquele quarto que na infância era pintado de cor-de-rosa, com janelas que deixavam entrar o Sol e refletiam todas as histórias felizes, que te contei, mudou; agora é pintado com ansiedade e preocupações, daquelas que o pensamento não deixa fugir. Deixei de gostar de pensar, porque não quero entrar em parafuso. Deixei de gostar de estar sozinha, porque não quero pensar.

Da tua querida Ana

 

 

Maria Inês Sousa, 12.º K  

Comentários

Anónimo disse…
Um ponto de vista atual, escrito de uma maneira reflexiva e profunda. Parabéns!!

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