Nostalgia da infância

Lembro-me de poder transformar qualquer imagem numa paisagem paradisíaca. Lembro-me dos tempos em que a imaginação não tinha limites e eu estava posicionada estrategicamente no centro de todas essas transformações. Mas esses tempos passaram e, agora, as coisas que vejo são as coisas que vejo, apenas isso. As árvores são só árvores, os rios são só rios e as casas são só casas. E seria estranho se assim não fosse. Seria considerado estranho, porque, na minha idade, árvores são suposto serem apenas árvores. Essa é uma das realizações mais curiosas que tive recentemente. Pensar que não vejo mais do que uma árvore numa árvore e que seria quase inaceitável, se visse mais do que isso. A imaginação inocente e infantil já não existe em mim e sinto que talvez tenha saudades dela, mesmo não me tendo apercebido do momento em que deixou de existir.

 

Mariana Monaco, 12.º J