O desejo de ser um outro




Por todas as vezes em que não gostei

Da forma como falava, ou agia,

ou escrevia.

Por todas as vezes em que desejei,

Secreta e ingratamente,

Ser algo que não sou.

Por todas essas vezes crio este poema,

Não na procura de louvor ou redenção.

Mas pelo desejo inegavelmente humano

Que nos assombra nas noites frias

E nos momentos de maior solidão.

Talvez na procura de conforto,

Em saber que não seria a única.

A única que cedeu

Ao desejo de ser outro, ainda sendo eu.

 

Mariana Monaco, 12.º J  

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