Inverno
Medo... esta noite deitei-me e voltei a senti-lo... Medo. Mas o que é o medo. Por que tenho eu tanto medo? O medo está em mim, o medo sou eu, e é de mim que tenho medo, de não me encontrar, ou até de saber demais sobre mim.
A bênção que é a mente é como um inverno no deserto, é como o inferno ardente debaixo de água, e é como a desoladora escuridão que se esconde na luz, que a envenena e consome. A mente é o vazio que se estende, e, na profundidade do nada, encontra-se um intimidador monólito, que ali eternamente se apresenta, jogando um jogo que põe toda a nossa conceção em risco.
O monólito é a criação original, e é a única que irá restar, e intimida-nos com os seus abanares. Abanares inocentes, tal como uma criança que baloiça, brinca e se diverte, nada mais importa para além disso. No momento em que a brincadeira terminar, aí estaremos prontos... prontos para descobrir a verdade, a real verdadeira realidade que os nossos egos sempre foram fracos demais para conceber, e, no dia da verdade, o monólito escolherá se há de cair-nos em cima, esmagando e finalizando a nossa existência, ou se cai no sentido oposto, oferecendo-nos uma ponte, uma oportunidade, para uma vida e perspetiva novas, quem sabe certamente eruditas.
Mas até lá, eu escondo-me. E escondo-me, porque sou humano, tenho ego, não sou erudito, e além de tudo... tenho medo.
David Realinho, 12.º L
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