A Inconclusividade das Coisas
Tinha doze anos quando conheci a amarga
sensação da inconclusividade. Estava numa festa de Carnaval da qual me lembro
ter saído incomodada, pois não tirei dela o propósito que as minhas
expectativas me mandavam tirar. Desde então, essa mesma impressão regressou
diversas vezes, nas mais distintas situações, reduzindo-as a um quase. Quase
que disse, quase que aconteceu, quase que senti.
Com o tempo, desaprendi de deixar as coisas
ir, na teima de as querer ver finalizadas. Tal postura seria facilmente traduzida
em persistência. No entanto, parece-me mais honesto admitir que se trata antes
de uma obsessão. A vontade de arrumar as conclusões na minha cabeça era tanta
que muitas vezes era eu quem as forçava, tomando a atitude de precipitar o fim.
Não queria cair nas manhas do destino, por isso, trocava-lhe as voltas.
Mas depois vieram as coisas que eu não podia
de modo nenhum pôr em causa. O seu proveito pertencia apenas a elas próprias e
forçar a chegada do mesmo resultaria certamente na sua perda. Então tornei-me
novamente impotente.
Até hoje procuro a razão, a finalidade, o
gosto do que me pareceu sempre tão crucial perceber e viver. As minhas medidas
drásticas não me trouxeram esclarecimento. Afinal, sempre caí nas manhas do
destino.
Comentários