queria dizer-te que somos estranhos
no princípio o
verbo
éramos nós.
o palpitar das artérias
da alma,
transformava-se em amor.
no princípio o
que era
bom, não ficava a sós.
o embarque na roleta
apaixonada do prazer,
sádica e malandra
ficava por nossa conta.
a turbamulta avisou
até mais que uma vez.
mas os amantes perdidos
nunca ouvem.
até à noite ou ao dia,
até chegar o lusco-fusco
sujo e vestido de preto,
qual derrame inócuo
das paixões-serpentina.
a partir daí a
madrugada
madrugou,
a folhagem do esquecimento
esvaziou os entre-folhos da
memória,
e
eu
queria dizer-te que somos estranhos.
ao contrário
da nossa relação
pau-de-fósforo.
Gonçalo Dias, 12.º F
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