Renovação
É com
embaraço que admito que as folhas onde escrevo, foram arrancadas- brutalmente
arrancadas- do meu antigo caderno do 7.º ano de Português. Quando me apercebi
do lugar de onde roubava estas folhas, não pude evitar ler o que na altura escrevia,
nas aulas da mesma disciplina a que entrego estes textos.
De certa
forma, não achei justo ver que agora pouco me ralava em relação ao caderno que
esvaziava das folhas brancas. Sei que talvez isto que escreva não faça qualquer
sentido, mas tive a necessidade de me confessar, e como não sou católica e não
vou à igreja, precisei de me lavar dos meus pecados em algum lado.
O que há
cinco anos escrevi no caderno de capa branca tinha sentido, era uma via
paralela para a minha vida na altura, e, por algum motivo, não consegui acabar
de preencher todas as folhas. Num ato desinteressado e maquinal, arquivei o
caderno. Que direito tenho eu de vir desenterrar algo que foi sepultado no
final do meu 7.º ano, por escolha minha, como sinónimo de ter encerrado aquele
capítulo da minha vida?
Sofia Silva (pseudónimo), 12.º F
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