Fragmentos...





o jogo da dança


Ao começo, pareceu um burburinho físico e cognitivo, uma manifestação de desequilíbrio dor corpos e da alma, mas afinal era um bailado. A dissecação dos conceitos associados ao espetáculo foi, com quase toda a certeza, o ponto de partida e chegada do criador, confundindo o espectador entre a desconcertante e tentadoramente ríspida criação musical, os figurinos de tons esverdeados e pálidos, a cenografia de uma branca e sóbria monumentalidade e, o harmonioso deleite, da foz de tons presentes em palco e, por sua vez, incorporados no corpo dos bailarinos.


o jogo do teatro


Mais ou menos a meio, dou de caras com a concordância magistral entre texto e ator. O cenário, recurso estilístico secundário, assume o minimalismo e serve de estante a uma fabulosa coleção de atores. A perceção de que o que está a ser invadido no teatro é o espectador, serve de pano de fundo para uma coisa muito bonita, a elipse teatral. Sente-se a pulsação do ator numa cadeira da plateia, como no palco, se sente a hesitação emotiva do espetador.


o jogo do cinema


Aquando do término, a projeção caiu-me diretamente no poço da amargura. O filme era sublime, esbofeteava o espetador com planos onde a pérfida relação entre estética e narrativa era de uma subtileza tal, que a parábola da razão se estagnava. A banda sonora era deliciosa, lembrava o barulho da porta das traseiras da casa dos avós, sempre presente e ausente, uma ligação estonteante entre proximidade e repulsa, afetando o espetador de uma forma tocante e sincera. Tratava-nos com a delicadeza de uma recém-mãe e com a aspereza de um idoso frustrado, um retrato irrealmente único da realidade.

Gonçalo Dias, 12.º F

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